sexta-feira, 19 de junho de 2009

Soturno

Nas sombras da noite a delicadeza fria da dor. Nas ruas e becos e esquinas a morada do horror. Na virtude perdida, na consciência neurótica, na descendia desnudada de pudor. Nos sonhos, as ilusões de um olhar,sem brilho, sem vida,absolutamente só. Soturnamente doente por raiva e dó Nas trevas de um olhar, eu vi a dor, a dor infinita e muda de uma rosa negra, deixada ao canto. Esperando um encanto, uma mágica, uma cor. Na palidez da bela que sempre foi dor e fera No instinto doente de um palhaço carente que ri de dor e gargalha de mágoa Na vida fria ele viu a morte, se chocou com a sorte e ela foi embora. Deixou-o absolutamente, destemidamente jogado ao chão. Como fétido e desprezado lixo. Bêbado em suas drogas e mergulhado em seus temores Nas ânsias de um mundo que não era fim. Fez-se túmulo escuro e profundo com uma alma atormentada e vazia, A luz sempre sombra, e a sombra chegou por um pouco a se fazer luz. Mas apagou-se e tudo fez-se escuridão... faltou fôlego para trazer de volta a chama Desesperado e nu, pintou o corpo da cor da alma. e só se viu naquele dia uma mancha negra em lugar da cor. E de vermelho sangue a dor. Foi assim que mergulhou nas trevas aquele que era luz E que por um amor traidor e fraco. Perdeu a alma e destroçou o coração. Fez- se sombra de embriagues e drogas fez-se zumbi e magoa. Dor, magoa, paixão, traição, assim estuprou-se um coração. Sandra Botelho

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito lindo esse. Amei.

Paula disse...

Belissímo texto.
Fico a pensar em como isso acontece todas as noites com tantas pessoas, e em tantas esquinas....
Na da nossa casa quem sabe..
Beijinhos Flor.

Por Todos Os Mundos

                                                                                 Foto: Miguel Hijjar É  com a sonoridade da vida que eu...