Noite lugubre e fria, ensandecida por pensamentos sombrios, canto uma canção de desespero.
Não consigo desligar-me de soturnos pensamentos que desfiladeiro abaixo me desmoronam.
No desfiar de pequenas tramas sou insensata, inconformada e rude;
Me perco entre dores e sorrisos,e o sono frágil é meu desertor
Duvidas temores e dores, vagas recordações do sol, vagos sentimentos incontidos e impenetráveis,
me tranco, me impeço de sentir .
Inexoráveis são meus sentimentos, inexplicáveis minhas indagações,
sob a lua morta me despejo em pranto, e nesse canto insano me envolvo
em um roto cobertor.
Não quero o frio a me congelar a alegria,
não quero mais cupins a me saborear o espirito.
Vermes deformam meu sentir, e estraçalham minhas carnes
que terrivelmente dóem, se decompõe...
vivem em putrefação minhas ilusões.
Entre grades e cadeias estou aprisionada.
Busco em meu negro amor uma fresta para a luz.
Escancaro a minha dor em pranto e finalmente me faço pó,
me espalho viajando sobriamente por todos os mundos.
Mundos realistas, ilusórios e infinitos...
Mas não me encontro em nenhum deles, me perdi.
E perdida de mim mesma , não me encontro.
Sou invisivel aos meus próprios olhos e motivações.
Busco desesperadamente me livrar de meus fantasmas, mas
eles gargalham de mim, riem cinicamente de minha fraqueza.
É dia e o sol não veio...somente uma chuva a me assombrar, raios, trovões
e meu corpo se dissipa, meus pensamentos se emaranham e tudo
tudo é tão indefinivel, tão indescritivel, tão esmagador.
Me encolho, de pavor me encolho... E de dor me recolho a simplesmente...Existir.
Sandra Botelho