Canto um canto triste, embrulhado em notas dissonantes,
canto a ave carmim sem pouso, nem arredor sem asas...
Sou manto de vaidade entorpecida, pária e fútil...
Minha alma está em grades , em cárcere,
Sou pequena mostra de sangue apodrecido!
Sou vazio enaltecido de desejos suicidas.
Plantei meu sorriso em terra estéril,
da terra brotaram espinhos e abrolhos...
feriram tuas mãos, seu sangue regou a terra.
Dela brotaram flores da noite, negras e sem vida.
reguei as flores com lágrimas...
Fiz da noite minha morada, oculta por um olhar gélido.
Das flores negras fiz meu manto, e seu perfume meu veneno
Hoje me cubro de pó, o puro pó do temor e do ódio.
Faço dos dias o peso das horas, que meu ombro encurva
dos minutos eternidade imutável, que me fadiga e adoece,
Hoje sou escravidão de lágrimas, nelas me afogo e delas me alimento.
Sou espectro de quem foi luz e sorrisos.
Fiz um colar de dores, pendurei em minhas paredes,
Dele mágoas escorreram, e o quarto ficou negro.
banhado de tanta insanidade , enlouqueci.
Insuportável peso do coração, onde escondi toda mágoa
insalubre agua de dor e devastação...Um corpo insano...
Comigo carrego a sentença do meu algoz,
Viver na penumbra da solidão,no vácuo da alma
Decapitar meus sonhos , sorrisos e paixão,
Morrer embrulhada em manto negro...
Apagar do céu as estrelas, e nunca mais ver o sol raiar
Viciar-me em solidão, derrapar nas estradas da decepção.
e neste caos, nunca mais derramar por ai, sorrisos que não são meus
ser espinhos, venenos, drogas viciantes ser simplesmente dor eterna e infinita.
E rogar a vida que seja passageira em mim...Implorar rapidamente o fim.!
Sandra Botelho