Tarde de outono, folhas voam suavemente, deixando o lugar onde, por alguns dias receberam alimento e serviram de sombra ao caminhante.O sol se espreguiça e se despede, num bocejo preguiçoso...
Se deitando atrás da montanha, que aconchega o sol com seus braços fortes e longos.
Uma pequena borboleta voa , procurando o repouso.
A cama acolhedora da selva recolhe em seu manto o sono sagrado dos anjos da mata.
E cada bicho se acomoda de mansinho, todos respeitam a escuridão que se aproxima.
Agora ja é quase noite, lá longe um sorriso se desfaz , as lembranças trazem o amargo da saudade...
Pois é quando tudo se silencia que a mais profunda dor grita em seu coração.
Ela então se despe, e se aquece em um banho morno, deixando que somente a agua descubra sua nudez...
Na janela um passarinho fez seu ninho, e ela o observa protegendo seus ovos.
E seu pensamento inquietante lhe faz perguntas como:
Porque não cuidei assim do meu amor?
Agora é tarde, ele se foi...se perdeu , esvaneceu-se como aquela folha que cai suave da arvore,
como o verão que se despede...mas o verão voltará com o passar dos dias.
O amor quando se vai, não volta, se perde em outros caminhos, outro olhar, outra boa, outro corpo.
E a ela só resta a saudade...
E a esperança que com a chegada de mais um verão, a vida lhe traga de novo um novo amor.
É noite, a escuridão se faz profunda...Ela dorme, e de um dos seus olhos, timidamente, desce uma lagrima...
Um sonho triste!
Sandra Botelho