Façam silencio...É hora de silenciar,
de deixar que os pássaros mostrem a sua voz
a sua tristeza ... É a vez das pequeninas criaturas...
A vez de dar ouvidos ao vento! Ouça!
O barulho das folhas...
Estou aqui aprisionada entre quatro paredes...
E todos os momentos eu me pergunto:
Qual foi o crime que cometi?
Aqui dentro do meu peito já começa a surgir o desespero...
Quero sair...quero ajudar, preciso fazer algo...
Mas estou presa.
Não tenho algemas em meus pulsos e nem correntes em meus pés!
O que tenho talvez seja tão pequenino que ninguém possa enxerga-lo
E eu tão forte e tão corajosa não consigo vence-lo!
Então eu me escondo, eu fujo e me calo!
Porque o meu grito pode atraí-lo e ele vai ferir outros!
Ferir os meus irmãos, os meus vizinhos aqueles que amo!
Eu quero voltar a correr pela rua, quero sentir o vento no meu rosto,
e o suor banhando meu corpo...
Mas eu não posso... E me desespero...e choro!
Tenho pensado tanto..., na vida, nos amigos,
na familia, no amor, no mundo!
Em Deus!
E recolhida a minha pequenez eu peço perdão!
Perdão!
Mas os pássaros continuam cantando!
Festejando o direito de terem platéia!
Certamente estão se perguntando o porque de tanto silencio?
Onde estariam aqueles que nunca os ouvem cantar?
Se recolheram temendo a pequenina criatura de garras microscópicas!
Onde está a valentia, onde foi parar a raiva, o poder!
Dias de dor, dias de medo, dias de trevas!
Lá longe muitos choram seus mortos!
E eu lamento tanto... que somente a dor tenha nos unido,
tenha nos feito parar e talvez nos faça renascer!
Mas ainda assim é belo! É belo ver as amizades se fortalecerem,
ver a união dos seres se propondo a ajudar, ver as famílias se unindo!
Os amores se engrandecendo...Ver que ainda existe amor, solidariedade e
pode ainda existir paz!
Pobre dos solitários, dos sem amigos, dos sem amor!
É hora de abrir o coração e perdoar, e amar e dividir!
Não estamos sozinhos nesse planeta, somos uma multidão!
De raças diferentes porem iguais! E é nessas horas de profundo pesar que deviamos nos
agrupar em alma e coração e sermos novamente gente!
E fazer com que tudo o mais seja menor, mas que o amor seja infinito,
seja imenso, seja grandioso e nos salve da extinção!
Sandra Gonçalves
Terceiro dia de isolamento