quinta-feira, 1 de abril de 2021

Sufocada em débil lassidão



O mar revolto, ondas a se equilibrar no vento,
Marés que se enchem de dor...
E pintado de azul cintilante o céu permanece,
como se nada mais tivesse mudado aos seus pés!
Ouço ao longe tantos ais, emudecidos e sem ar!
Vozes inaudíveis e roucas, entubadas!
E aqui fora o ar sussurra, quase clamando ,
Em breves suspiros esgotado de doar, "leve-me!
Há dor! E por todos os lados ,
Sinto cheiro de morte... 
E quantos ais, quantos mais?
Até o despertar do amor?
De joelhos peço  ao sol, 
De-lhes empatia, um fragmento que seja;
Nos corações humanos...
É pueril a vida...  
Porque alguns poucos acumulam  dentro de pequenos corações
Todo ouro do mundo? 
Não ha eternidade... não para o material, não para o ouro...
Há sim para os pequenos e grandes gestos de amor, de empatia e de paz!
Ouvidos surdos , olhos cegos .. é o que os grandes têm!
Ganancia e poder é o que anseiam...
Ouço aos longe canções e risadas...por ai gargalham! 
Riem de mim, de ti, de nós!
E o mar revolto, ondas a se equilibrar no vento...
Corações sem alento!
O ar escasso...escasso ar...escasso amor,
Ocos corações!
Enquanto isso o adeus!
Faltou ar...Corações desaceleram...param!
Pulmões vazios de ar!
Fim...fim...fim...!
Milhões de finais...vidas, sonhos, planos...olhares!
Sorrisos...Dons...vozes!
Vivo platéia de tantos ais 
Morro   platéia de tantos finais!
E então choro!

Sandra Gonçalves




3 comentários:

A.S. disse...

Que bom te reencontrar Sandra! Espero que tudo esteja bem contigo.
A situação no Brasil, é de alto risco. CUIDA-TE!...
Enquanto as horas emagrecem, vejo gente estrangulada de desejos onde a dureza dos tempos esculpiu rostos de máscara, gélidos olhares e gestos distantes. Tudo é árido, de cores negras. Na intransponível forma que a vida nos dá, somos cada vez mais uma sombra silenciosa que compreendeu finalmente a intangível, frágil e perfeita arquitectura da vida, sabendo que a morte é o mais privado de todos os encontros.

Um beijo para ti!

Sueli disse...

Minha amada amiga, quase chorando aqui, não sei se mais pelo lindo e emocionante poema ou se pela felicidade de vê-la voltando ao nosso cantinho de amor, a nossa blogosfera!
Você está me animando a voltar, também... Feliz demais!

Beijos e mais beijos!!!

Alécio Souza disse...

Querida Sandra,
Que saudades de você e dos teus poemas, saiba que o tempo que esteve ausente da blogosfera você fez muita falta. Adorei o poema e toda essa mistura de sentimentos que assolam o nosso coração, nesse momento complicado que estamos passando precisamos cada vez mais de sorrisos, atos generosos, bondade e amor.
Te espero no blog, tem postagem nova.
Um grande beijo!

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