Vida errante doente, maldita carente
Vida sem limites maledicentes,
mais que dor mais que pranto
é a vida desenhada em encanto,
Vida sem termos nem receios,
sem carinhos e sem anseios
Indescritível em forma e cor, em saliências de dor,
Vida devedora de muitos, recebedora de poucos
Insaciável de dores repartidas e fatídicas
Vida mãe de poucos,
Madrasta de tantos sem encantos
Inegável mãe de risos, acalentadora de lágrimas,
Constantemente caçada, procurada, devastada
Pronta para ser devorada crua, nua, decente ou de maneira demente
Vida inconstante em um mundo vibrante
A esconder-se da gente,
A desenhar um, sorriso quente
A deixar correr uma lágrima carente
Vida dada a demônios em um lucro desonesto
Ou a anjos com um carinho funesto
Vida, anjo da noite a refletir a luz de poucos.
A gerar inveja em outros,
Vida rara, clara, nublada e desejada.
Prostituta da vida, amante da morte.
Lembrada na volta e esquecida na partida,
Presente de grego,
Rainha sem apego, sem amor, sem horizontes, sem plural
Vida verdadeira e eternamente irreal.
Vida sem vida, vida frágil e forte,
Prisioneira do tempo, escrava da morte.
Sandra Botelho
Um comentário:
"Escrava da morte...."
Que singela frase, que verdade maldita.
Que autora maravilhosa, que delicadeza insensata. Que polidez genial. Que vontade contida, e libertada por palavras mediamente calculadas, ou apenas gritadas.
Você é genial.
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