Me mudei cá pra São Paulo pra ganhá um trocadim,
memo sabeno que a vida aqui é agitadim.
Mas eu num to gostanu não ,desse lado movimentado...
Todo dia tem cidente, tem carro rebentado.
Os carro que era pra andá ,toda hora tá parado.
Mió i de a pé memo, economizá uns trocado!
Credo !Aqui as pessoa é estressada.
A mué xinga a outra, de vagabunda e amalucada!
Ninguem cuida dos idoso. É tudim disrespeitoso.
Vixi maria !Óia só! Tem lixo jogado na rua,
as pessoa num respeita nem a porta da casa sua!
Aqui o céu num é azul, agente num ve as estrela.
Pra gente ve o sol ,tem que chuvê e lavá a pueira.
Ninguem fala com ninguem... Nem bom dia se dá.
E se agente dá um sorriso, os óio deles é de matá!
Tem um trem danado de grande, nem apetece amuntá,
vive lotado o danado e o povo a se empurrá...
Nos onibus é correria, um empurra empurra todo dia.
Ai meu Deus do Céu que loucura! Isso é quase uma clausura!
Outro dia acustumada a vivê no interior,
pedi ao trocadô do onibus pra me fazê um favô.
Me deixá numa esquina ,de uma rua tar e tar...
O danado de mardade, viu que eu não era da capitar,
me enganou o farsante, me deixou no endereço errado,
andei ki nem uma errante...
Tomei chuva a noite, toda sem chegar no meu destino...
Mas Deus á de fazê justiça com o cobrador cretino!
Eu to desacossoada de morá na capitar...
Um povo male educado, que faz as coisa do mar...
Outro dia um bandido, matou duas mocinha,
sem nenhum motivo fez isso, tirou a vida de duas anjinha!
E isso me dói o coração, perco a paz e a razão.
Já falei pro meu fio tomá cuidado, pra ele num ser assartado.
Craro que aqui tem gente boa, iguar em quarqué lugá.
Mas eu mineirinha da boa, to querendo saí da capitar.
Quero ver o céu azul, as estrelas lá no arto,
quero ver as montanhas da janela do meu quarto!
Buscá o pão na padaria e sorri pra dona Maria
Perguntá como foi a noite dela e receber um sorriso banguela!
Porque lá no interior as pessoas é mais sincera...
Agente pode lavá a roupa e deixá no varar,
sabendo que a noite ninguem vem nus robá.
No interior num tem essas coisa de grade pra todo lado,
lá nóis dexa tudo aberto e dorme um sono largado.
Agente faz oração e aos pais pede a benção.
E isso, faz a criança e tambem o rapagão.
Agente leva a quitanda pru vizinhu isperimentá.
E ele divide cum nóis o porco que acabô de matá.
lá agente divide as tristeza e as risada que dá.
Tumá banho de cachoera, andar discarço na ribanceira...
Robá fruta no quintar da vizinha e correr atrás das galinha
Fazer frango com quiabo angu e feijão massado,
comer com gosto o mexido , feito de arroz manhecido!
E vivê na simpricidade, mas numa terra tranquila e sem nenhuma mardade...
Podê andá na rua sem medo de bandido,
Porque lá nóis é tudo amigo.
Ai que sardades das Minas Gerais!
Por isso que dizem por ai:
"Quem te conhece num esquece jamais!"
Sandra Botelho