quinta-feira, 15 de abril de 2021

Catira

Caipirês

Bem contente tava o moço,
Que dispois de muito andá, 
Conseguiu na catira
Uma bela mula,lhe tirá.
Ele que era muito simprão, 
Fez aquilo na emoção. 
E o outro muito esperto, 
Era além de tudo largão. 
Viu sua viola em caco, 
Quando oiô na estrada,
 O cabrão levando imbora, 
Sua mula acabrunhada
.O pisódio desse homi, 
Não ficou por isso não.
Enquanto o prato ele surtia, 
Na cabeça dele, um furdunço firvia. 
Seu fio, que na capitá estudava,
 Ainda nos negócio não parpitava, 
Graças ao emborná da sabeduria,
 Um dia, administrante ele seria. 
Prá mudá o rumo da prosa, 
Vou falar um pouco da Rosa: 
Sua muié, sua amada, 
Sempre cum ele na matinada.
 Essa não entra na catira, 
Num tem preço que pague essa muié,
 Deiz anos com ele namorano,
 E a coitada ainda lhe qué. 
Vortando ao tar do negócio, 
Que levou uma manta danada, 
Quiz ir atrás do disgraçado.
 Decidir essa catirada. 
Queria ver o tar do macho , 
Que aproveitou do seu deslaxo, 
Metê o carcanhá na bunda,
 E sumir por esses morro,
 Com a mula na carcunda.
 Mas essa narquia não é coisa que se faça,
 Vortá atráis da palavra dada,
 É realmente uma disgraça. 
Fica mar prá ele na praça. 
Pensando bem já tava empapuçado, 
De falá nesse negócio. 
Decidiu deixar de lado esse furdunço,
É mió num cutucá esse jagunço! 
Toca pá diante esse assunto, 
Chega de chororo atoa, 
Mió ele envorvê com a Rosa... 
Que é coisa mió de boa. 
Sandra Gonçalves

quinta-feira, 1 de abril de 2021

Sufocada em débil lassidão



O mar revolto, ondas a se equilibrar no vento,
Marés que se enchem de dor...
E pintado de azul cintilante o céu permanece,
como se nada mais tivesse mudado aos seus pés!
Ouço ao longe tantos ais, emudecidos e sem ar!
Vozes inaudíveis e roucas, entubadas!
E aqui fora o ar sussurra, quase clamando ,
Em breves suspiros esgotado de doar, "leve-me!
Há dor! E por todos os lados ,
Sinto cheiro de morte... 
E quantos ais, quantos mais?
Até o despertar do amor?
De joelhos peço  ao sol, 
De-lhes empatia, um fragmento que seja;
Nos corações humanos...
É pueril a vida...  
Porque alguns poucos acumulam  dentro de pequenos corações
Todo ouro do mundo? 
Não ha eternidade... não para o material, não para o ouro...
Há sim para os pequenos e grandes gestos de amor, de empatia e de paz!
Ouvidos surdos , olhos cegos .. é o que os grandes têm!
Ganancia e poder é o que anseiam...
Ouço aos longe canções e risadas...por ai gargalham! 
Riem de mim, de ti, de nós!
E o mar revolto, ondas a se equilibrar no vento...
Corações sem alento!
O ar escasso...escasso ar...escasso amor,
Ocos corações!
Enquanto isso o adeus!
Faltou ar...Corações desaceleram...param!
Pulmões vazios de ar!
Fim...fim...fim...!
Milhões de finais...vidas, sonhos, planos...olhares!
Sorrisos...Dons...vozes!
Vivo platéia de tantos ais 
Morro   platéia de tantos finais!
E então choro!

Sandra Gonçalves




Um raio de sol

Ela veio com garras afiadas. Asas negras tentando me abraçar  Tinha olhos de noites escuras Um corpo feito de lágrimas, Sua voz era um sussu...