Sou
o longo sono de um dopado,
o sorriso viajante de um drogado
sou a beira do abismo
o riso escancarado do cinismo
Sou
o decente e o prudente
a que diz a verdade e o que mente
eu sou o pequeno e o grande mal
sou parte do que é real
Sou
o cuspir na cara da vida
urros de dor na despedida
me quebro em mil pedaços
mas aos poucos me refaço
Sou
a rotina enfadonha
de uma mulher que ainda sonha
sou a solidão desenhada em lagrimas
mas sou a gargalhada desvairada
Sou
nada diante de tudo
Sou o grito surdo e mudo
A nudez plenamente vestida
o discursar em canção pela vida
Sou
a pureza e a inocencia
o despudor e a indecencia
sou candura e a inconsequencia
Um grito de amor com elouquencia
Sou
aquela que se descreve de forma clara
sou gente de ideia rara
mas me escondo na escrita
para que não decifre minha vida
Sou
a sombra e a claridade
o sangrar de vez enquando
o ressurgir da noite o dia
a menina mulher que fantasia
Sandra Botelho!